Claro que vivemos um momento histórico com a reunião do G-20 e suas tentativas de colocar fim à crise geral que assola o mundo, principalmente os países desenvolvidos. Na verdade, pergunto-me, qual momento não é histórico, sendo que sempre estamos a caminhar pelo tempo? Deixando para lá divagações entre continuidade e descontinuidade, permanências e rupturas, (jargões repetidos até a exaustão hoje em dia), identifico esse momento como mais um daqueles que prenunciam, não uma “nova era”, como gostam de falar aqueles carregados de profetismos milenaristas, mas de um momento histórico que, junto com outros, engendram novas formas de relacionamentos entre os países. Sabemos claramente, quem acompanha os jornais e lêem algum tipo de literatura mais "formativa", que tal evento, ou seja, a reunião do chamado G-20 em Londres no início de abril, dá mais um passo na criação de uma nova ordem mundial. (“Alguma coisa está fora de ordem”, já dizia Caetano). Na esteira da queda do muro de Berlim, da aceleração da globalização econômica, colocada agora em xeque com a crise que se instalou em 2008, e cultural, nunca duvidada, e aprofundando-se a cada dia, dos ataques terroristas
Por outro lado, sabemos também que esta crise que vivenciamos não é apenas econômica, mas também presentimos que, no fundo, para repetir aquela frase clichê, a "crise é moral"! Quem não sabe da culpa dos altos banqueiros na pane do sistema atual? As mentiras foram uma das grandes responsáveis pelo que acontece agora. As propagadas por (ir) responsáveis de bancos e agências financeiras, que “jogaram”, não teria palavra melhor, com o dinheiro daqueles que confiram a poupança de anos de trabalho na instituição "x" ou "y". Sei que o "buraco é mais embaixo", e que não tenho know-how suficiente para debater sobre economia e derivados. Mas qualquer um, mais atento, sabe que o sistema em si, baseado numa procura sempre crescente, e que deve se estear para manter o sistema em pé, é de uma insustentabilidade tal, além de ser baseada também em uma mentira, que outras crises já são tomadas como certas no futuro. As crises econômicas não são novidades. Tal como as conhecemos hoje em dia, aconteceram sempre, desde que o sistema capitalista predominou como forma de produção e consumo. Geralmente, em retrospectivas, fala-se na "crise de 1929" como paradigma típico de crises econômicas. E não erram. Contudo, o século XIX presenciou duas delas também. Em 1826 tivemos o crack da bolsa de Londres e em 1873 o da bolsa de Viena. Em
Não me baseio nas idéias de Karl Marx em minhas pretensas análises conjunturais e históricas, devido ao seu intrínseco caráter limitador e reducionista. Contudo, o pensador alemão não erra em nos dizer que "tudo que é sólido desmancha no ar". O que presenciamos em todas as crises e nessa em particular? Tudo caindo como um castelo de areia. A riqueza desaparecendo, os empregos sumindo, o consumo despencando, a instabilidade política crescendo. Como nossas vidas pessoais são tão dependentes de instituições e “humores do mercado”! No último dia 2 de abril, quando Gordon Brown, primeiro ministro inglês, deu uma entrevista coletiva sobre o encontro do G-20, atrás dele via-se o logotipo do evento. Abaixo do “G-
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